trabalho, produtividade e saúde

Trabalho, produtividade e saúde das mulheres

O ambiente de trabalho pode causar diversos impactos na produtividade e saúde de todas as pessoas, em especial, das mulheres e demais pessoas diversas, que são atravessadas por muitas questões dentro e fora das empresas. 

Se uma organização se preocupa com a produtividade das pessoas colaboradoras, também precisa se preocupar com a saúde física e mental delas. Afinal, quem consegue produzir bem com cansaço ou outras preocupações externas? 

Como o ambiente de trabalho afeta a produtividade e saúde das mulheres?

Ainda hoje, os ambientes de trabalho corporativos são majoritariamente espaços masculinos. Isso significa que boa parte das estruturas e processos são pensados por e para homens, cisgêneros, brancos e heterossexuais, em sua maioria. 

Já falei diversas vezes aqui o quanto esse perfil homogêneo prejudica as empresas em inovação, criatividade e até mesmo na imagem que passa para os clientes, investidores e stakeholders. 

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Mas hoje quero falar um pouco sobre como, mesmo recebendo as mulheres e demais profissionais diversos, muitas empresas ainda não se transformaram a ponto de tornar os ambientes seguros para todas as pessoas. 

Assédio e discriminação

Muitas mulheres enfrentam assédio sexual, moral, discriminação de gênero e outras formas de tratamento injusto no local de trabalho. Essas situações podem afetar a saúde mental, gerando estresse, ansiedade, depressão e baixa autoestima.

Leia também: preconceito de gênero no trabalho, como se manifesta e como acabar com ele 

Equilíbrio entre vida profissional e pessoal

Atualmente esse é um desafio de todas as pessoas, mas para as mulheres tende a ser pior. As tarefas domésticas e o cuidado com os filhos e outras pessoas dependentes costuma cair no colo delas, exigindo duplas ou até triplas jornadas.   

Somada às responsabilidades no trabalho, essa rotina pode levar uma pessoa ao estresse e exaustão. A falta de tempo para cuidar de si mesma e relaxar pode impactar negativamente a saúde mental e emocional.

Desigualdade salarial e oportunidades

A disparidade salarial de gênero e a falta de oportunidades de progressão na carreira podem causar estresse financeiro e emocional, afetando a autoestima e a sensação de realização.

Leia também: desigualdade salarial, por que os homens ainda ganham mais que as mulheres? 

Cargas de trabalho excessivas

Demandas excessivas de trabalho, incluindo longas horas, prazos apertados e pressão constante, podem causar estresse crônico e aumentar o risco de problemas de saúde mental e física.

Burnout é coisa de mulher?

Em 2022, a Organização Mundial da Saúde reconheceu o Burnout como uma doença do trabalho, mas não foi de um ano pra cá que esse fenômeno do esgotamento começou a aparecer, especialmente na vida de mulheres em posições que exigem alta performance.

O Burnout afeta homens e mulheres, mas não igualmente. Uma pesquisa da consultoria EDC, que ouviu 365 profissionais, apontou que 24,64% das mulheres se sentem angustiadas e ansiosas com o volume de trabalho. Entre os homens, o número de profissionais que dizem o mesmo é de 15,96%. 

Na mesma pesquisa, o grupo de mulheres entre 35 e 44 anos foi o que mais identificou sintomas do Burnout, com 29,27% das respondentes. Também neste caminho, uma análise da Great Place to Work mostrou que mães com empregos remunerados têm 23% mais chances de sofrer de Burnout que pais empregados.

Todos os fatores que eu mencionei acima, podem afetar a saúde mental e física das mulheres, levando-as à exaustão mais facilmente. Além disso, você já deve ter ouvido falar do mito que diz que as mulheres podem manter a atenção em diversas tarefas ao mesmo tempo. 

Na verdade, a sobrecarga de atividades leva muitas mulheres a fazer a troca do foco atencional rapidamente, passando a impressão de que conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo. A verdade é que as mulheres não são “naturalmente” multitarefas e esse comportamento, a longo prazo, pode levar a uma exaustão profunda e até mesmo a um quadro de Burnout. 

Ciclo menstrual, produtividade e saúde 

O podcast Diálogos de Equidade dessa semana foi com a convidada Patricia Zanella, cofundadora e Diretora de Marketing da EcoCiclo. O assunto que trouxemos para a mesa foi sobre a conexão entre menstruação e produtividade e eu indico muito que você ouça o episódio completo no Spotify ou no YouTube

Nós sabemos que muito do conhecimento que possuímos hoje, inclusive científico, não inclui a perspectiva das mulheres, nem de outras pessoas diversas. Isso porque durante centenas de anos, só aos homens brancos e bem posicionados na sociedade era dada a opção de se dedicar aos estudos e produzir conhecimento. 

Com isso, até hoje, muito do que consumimos de informação acaba sendo sobre o outro. E, para fazer parte “do jogo”, nos privamos de saber mais sobre a forma como nós funcionamos, inclusive hormonalmente. É aquele ditado: se homens cisgêneros menstruassem, esse não seria um assunto tabu na sociedade. 

Leia também: a importância de espaços seguros para as mulheres

O fato é que as fases do ciclo menstrual podem influenciar as preferências, níveis de energia e disposição das mulheres para diferentes tipos de atividades. Não há uma regra sobre como as pessoas que menstruam vão passar pelo ciclo, mas hoje já existem informações sobre isso, que podem ajudar você a se compreender melhor ou compreender melhor os sentimentos das pessoas ao seu redor. 

Fase menstrual

Nesse período, o nível de energia tende a ser mais baixo, por isso, momentos de descanso e autocuidado podem ser benéficos. Mas em uma rotina agitada, pode não ser possível parar e respeitar esse momento, portanto, no trabalho, podemos investir tempo em tarefas mais criativas e descontraídas. A revisão de materiais de processos também pode ser mais assertiva nesse período.

Fase folicular

Aqui vai acontecer o aumento gradual da energia e do bem-estar. Por isso, nesse período logo após a menstruação, temos mais clareza mental e foco, sendo o momento ideal para realizar projetos e atividades que requerem concentração.

Ovulação 

A ovulação é a fase dos sonhos, a energia e a disposição estão lá em cima. Por isso, é uma ótima fase para atividades sociais, networking e projetos criativos.

Fase lútea

A última fase do ciclo pode contar com flutuações de energia, humor e concentração. As pessoas podem ficar mais irritadas e introspectivas, por isso, esse é um bom cenário para focar em tarefas mais administrativas e organizacionais.

Entender a produtividade como cíclica, pode tornar a jornada muito mais planejada e menos desafiadora. Aprendi isso com a Patricia Zanella recentemente e agora é hora de colocar em prática. 

Por outro lado, para garantir times de alta performance, as empresas também precisam olhar para as especificidades de cada pessoa com carinho e atenção. Reconhecer as diferenças e incentivar o autoconhecimento também pode ser uma forma de melhorar o ambiente de trabalho. 

Se a sua empresa está com dificuldades para trabalhar a equidade de gênero internamente, precisamos conversar! ?

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