Por que fazer programas de desenvolvimento para mulheres na sua empresa?
A falta de representatividade é muito ruim, mas não é novidade para a maior parte das mulheres. Quando iniciei minha trajetória profissional, tive muita dificuldade de encontrar mentores e programas de carreira que contemplassem a minha realidade, que conseguissem criar conexão com a vivência de ser mulher.
Foi por isso que em 2019 resolvi investir no meu sonho e contribuir com a mudança desse cenário através do Mulheres no Comando.
Mas, para além da minha percepção individual, os motivos para investir no desenvolvimento feminino são muitos e vão desde contribuir para o empoderamento das mulheres, até fortalecer a imagem da organização para o mercado, afinal, uma empresa mais diversa tende a ser uma empresa mais saudável e lucrativa.
O Relatório Delivering through Diversity, divulgado pela McKinsey em 2018, constatou que companhias com maior diversidade de gênero no seu quadro executivo tem 21% mais chances de apresentar resultados financeiros acima da média de seus pares e 27% mais chances de criar um valor de longo prazo para o negócio. Não é pouca coisa, certo?
Vamos falar um pouco sobre os benefícios de programas intencionais para mulheres? Compartilho a seguir os principais motivos para desenvolver os talentos femininos dentro da sua empresa.
Para consolidar uma cultura organizacional inclusiva
Como você já deve imaginar, ter uma cultura organizacional inclusiva garante mais que um baixo turnover de colaboradores e um aumento dos lucros, uma cultura organizacional que valoriza a diversidade modifica as relações de trabalho.
Empresas com uma cultura diversa consolidada criam produtos e serviços melhores e mais rápido porque são mais criativas e propícias à inovação, afinal as múltiplas vozes e visões atuando em um problema acabam por gerar pensamentos fora da caixa.
A cultura organizacional inclusiva depende de diálogos abertos, de acessibilidade, do estímulo à troca de vivências e de ações coordenadas para a inclusão real de mulheres e outros grupos minorizados. Algumas empresas estão focadas em diminuir a disparidade entre homens e mulheres há bastante tempo.
No ranking das 100 de empresas mais diversas e inclusivas do mundo, feito pela Refinitiv em 2020, estão três empresas brasileiras: Natura, Itaú e Santander, mas o que essas empresas fizeram para chegar nesse lugar? Elas tiveram a intenção de mudar o status quo da organização e seguem fazendo isso com vontade e afinco.
Neste momento, cada organização deve reconhecer sua estrutura e trabalhar com intencionalidade para fazer a real inclusão de mulheres e outros grupos sub representados.
A Natura, por exemplo, conta com 72% de mulheres no seu quadro de colaboradores, mas ainda reconhece que precisa avançar em áreas de liderança, afinal, não existem mulheres no Conselho Administrativo do Instituto (instância mais alta de decisão) e, até o momento, nenhuma mulher foi presidente do Instituto Natura, conforme dados do relatório anual de 2019.
Interseccionalidade e grupos de afinidade
Quando falamos sobre Diversidade e Inclusão (D&I) para empresas, precisamos falar também sobre interseccionalidade, afinal, é importante lembrar que nenhuma pessoa é marcada por somente uma característica. Mesmo quando vamos tratar das questões das mulheres, é necessário se perguntar: quais mulheres são essas que estamos falando?
A interseccionalidade se refere à interação entre dois ou mais fatores sociais que “definem” uma pessoa. Questões de gênero, etnia, raça, deficiências, localização geográfica, idade e cultura podem influenciar na forma como cada pessoa pensa, age e se relaciona com o mundo, por isso, é importante olhar para esses fatores sociais com atenção e cuidado.
Uma boa forma de começar a trabalhar uma cultura organizacional inclusiva e acolhedora é incentivar a comunicação entre os pares dentro da instituição. Grupos de afinidade são espaços onde as pessoas pertencentes aos grupos minoritários podem compartilhar suas dificuldades e glórias, pensar e construir ações, além de ser um ótimo espaço para descobrir e desenvolver lideranças comprometidas com a diversidade.
Para incentivar outras mulheres e pessoas diversas
Você com certeza já ouviu falar que a representatividade importa. Não dá pra fugir, a diminuição da desigualdade de gênero já é pauta global e a meta do Brasil é diminuir em 25% essa diferença. E como a gente bem sabe, não tem como alcançar metas sem planejamento, investimento e incentivo.
Mas muito além do incentivo financeiro, ter profissionais mulheres ascendendo e sendo vistas como protagonistas no mercado de trabalho inspira outras mulheres a buscarem seus objetivos e lutarem pela ocupação desses espaços.
No Mulheres no Comando, oferecemos diferentes serviços para contribuir 360º com a carreira de mulheres. Realizamos eventos, workshops, programas de desenvolvimento para colaboradoras e líderes mulheres, pipeline de liderança e certificações com o objetivo de atingir as metas de equidade de gênero, gerando um Score de equidade. Você pode conhecer melhor os nossos serviços para empresas aqui.
Para desenvolver e manter especialistas
Posso apostar com você que pelo menos um setor da sua empresa está tentando contratar um especialista há meses, sem sucesso. Como eu posso apostar? É porque esse tem sido o maior terror dos RHs Brasil afora.
Se a sua empresa tem condições de desenvolver e manter os especialistas em seus cargos, por que não fazer isso? Mas para manter, não basta investir só na parte técnica.
Ambientes de trabalho plurais, que valorizam a diversidade, costumam ter muito mais sucesso na hora de reter talentos. Esses ambientes seguros são construídos com paredes sólidas de muito respeito e valorização das diferenças.
Criar programas intencionais para mulheres é uma maneira de ajudá-las a progredir em suas carreiras e ajudar também o seu RH, que não vai precisar ficar caçando agulha no palheiro por aí.
Para aumentar o número de mulheres em cargos de liderança
Você já sabe que esse é um ponto fundamental para as discussões sobre diversidade nas empresas, certo? Segundo dados do PNAD 2021, a população brasileira é composta por 51,1% de mulheres, mas mesmo sendo maioria, quando se trata de ocupar cargos de liderança, ainda somos minoria. Segundo o relatório Women in Business 2022, apenas 38% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres.
Não é atoa que o Pacto Global da ONU conta com 10 princípios universais, com os quais as empresas precisam se comprometer para garantir o respeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos e o desenvolvimento sustentável. O item 6 desses princípios é “eliminar a discriminação no emprego”. Eu sempre defendo que, para eliminar a discriminação no espaço de trabalho é necessário mexer nas estruturas, garantindo representatividade e a equidade.
É hora de mentorear esses talentos
No universo da ficção, para que um herói saia do lugar, existe sempre uma outra personagem o incentivando: uma figura sábia, um mentor. Durante a vida, encontramos com algumas pessoas que podem ocupar esse papel, consciente ou inconscientemente, em nossas carreiras. Mas para que as heroínas corporativas estejam cada vez mais preparadas e inspiradas, é preciso que exista um trabalho sério e comprometido.
O papel da mentoria, nesse cenário, é compreender os objetivos profissionais da mentorada e ajudá-la a conquistar seus objetivos. Nesse processo, é necessário trabalhar questões de auto estima, para evitar autossabotagem, desenvolver habilidades como autonomia e liderança e apresentar os caminhos possíveis.
Por que investir em uma mentoria de mulher pra mulher
No dia a dia, inclusive no universo do trabalho, as mulheres enfrentam diversas dificuldades unicamente por serem mulheres. Por isso, acredito que a mentoria oferecida de mulher para mulher, pode ajudar a trabalhar inúmeras questões difíceis de tocar no trato com homens.
O próprio espaço para falar e propor ideias é um desafio importante para as mulheres, não é atoa que existe até um nome para as interrupções que sofremos durante nossas exposições: o manterrupting ou interrupção masculina.
Nesse contexto, é importante lembrar que o processo de mentoria exige confiança e conexão entre as pessoas envolvidas. Por isso, contar com a mentoria de alguém que também pertence a um grupo diverso pode ser não só eficaz, como libertador.
Uma pesquisa realizada pela Together em empresas norte-americanas mostrou que 41% dos funcionários de grupos de diversidade acham importante que um mentor venha do mesmo grupo.
Benefícios da mentoria de mulher para mulheres
Construção de um espaço seguro
Não é em qualquer espaço que as mulheres se sentem confortáveis para compartilhar suas inseguranças. Mas falar sobre as vulnerabilidades em espaço seguro pode gerar força para as mulheres, ao contrário do que se possa imaginar.
O processo de mentoria é uma ferramenta importante para acabar com o ciclo que desprivilegia as mulheres. É papel da mentora orientar as mentoradas para compreenderem o seu papel na sociedade como um todo, potencializando, assim, o seu papel no ambiente de trabalho.
Aumento da confiança
A mentoria é um processo especialmente importante para mulheres que têm dificuldade de acreditar nas suas habilidades para assumir novas posições. Muitas vezes, essa falta de confiança tem raízes profundas, que se relacionam com o papel que as mulheres sempre ocuparam na nossa sociedade.
A síndrome da impostora surge, geralmente, porque as mulheres não esperavam o sucesso profissional que estão experimentando, isso acaba causando angústia e a sensação de que os louros da carreira não vieram por merecimento, mas por pura enganação, que a qualquer momento pode ser desfeita.
O fato de essa falta de confiança em si mesma estar presente majoritariamente nas mulheres tem forte ligação com a falta de representatividade que as mulheres encontram em suas áreas, empresas e na sociedade em geral. O processo de mentoria de mulher para mulher é importante para evitar episódios de autossabotagem e potencializar a carreira de mulheres incríveis.
Desenvolvimento de habilidades de liderança
Otimismo, entusiasmo, dedicação, perseverança, gentileza e empatia são algumas das atitudes mais procuradas e admiradas em cargos de liderança. Mesmo possuindo muitas dessas características, mulheres seguem não acreditando no seu potencial de liderança.
Uma explicação para esse fenômeno é que as meninas, desde pequenas, são educadas para servir, não para comandar. Mudar esse mindset pode ser uma tarefa difícil, mas é possível, especialmente quando as mulheres se conectam a outras mulheres líderes e inspiradoras.
Se você é uma mulher que está buscando desenvolvimento profissional e muito networking, tá esperando o quê para vir para o Mulheres no Comando? Somos a maior plataforma digital de desenvolvimento de carreira para mulheres do Brasil.