Apesar de crescente, a representatividade das mulheres no mercado financeiro está longe da igualdade. Em junho de 2020, a bolsa somou 648.165 investidoras, um aumento de 8% no total, mas CPFs femininos não chegam nem a 1/3 dos cadastrados.
A pesquisadora sobre o comportamento de investimento da mulher e Head of Publishing na Empiricus, Elaine Fantini, contextualizou em live com o Mulheres no Comando na última terça-feira:
“O atraso da mulher nesse sentido não é demérito nosso, porque não nos foi permitido participar desse espaço antes. A mulher chegou no mercado por último e ainda hoje encontra dificuldade para cravar sua participação em muitas áreas. A única em que avançamos mais rápido foi na educação, principalmente porque o papel que se exerce nela está muito relacionado ao que a mulher exerce dentro de casa, ao cuidado com o outro”, disse Elaine.
Ainda que cada vez mais mulheres avancem em seus cargos no mercado, ocupem posições estratégicas nas empresas e ousem com seus próprios negócios, o dinheiro continua um tabu, o que contribui muito para uma relação complicada com esse aspecto tão importante para o empoderamento feminino.
“Nós não falamos sobre quanto ganhamos, sobre quanto gastamos no cartão de crédito ou sobre quanto temos investido. E pior: negligenciamos o dinheiro achando que o outro é mais capaz de gerenciar isso do que nós que fomos lá e fizemos tudo para ganhá-lo honestamente”, provoca.
O desconhecimento sobre o assunto, em muitos casos, acaba sendo uma armadilha para mulheres que se tornam vítimas de desvios e roubos. A violência patrimonial pode ser extremamente sutil e difícil de ser identificada, mas também se enquadra entre as violações da Lei Maria da Penha, que reconhece o dinheiro como aspecto fundamental para a liberdade da mulher.
Por isso, a Mulheres no Comando convida você a expandir os horizontes sobre o assunto e avançar cada vez mais em nossa jornada de rompimento com o status quo e evolução do protagonismo feminino sobre os negócios e as finanças.
Vamos, sim, falar de dinheiro? Reunimos aqui as principais dicas da Elaine para quem não conseguiu acompanhar esse encontro poderoso. Quer se tornar uma investidora? Leia essas dicas!
1. Em primeiro lugar: nem cedo, nem tarde demais, o momento ideal para começar a ser uma investidora é agora!
De nada adianta se culpar por não ter cuidado do seu dinheiro ontem ou esperar até amanhã porque ele é fundamental para os seus resultados. Tome hoje a decisão de assumir o comando das suas finanças e encontre os benefícios disso diante das diferentes situações da sua vida, traçando os objetivos que mais fazem sentido para ela agora.
2. Descubra qual é o seu perfil de investidora:
Para isso, você deve responder a perguntas como: o quanto de risco você está disposta a correr para ganhar mais ou menos dinheiro? Qual é a quantia que você tem para investir hoje e que resultado você espera obter com ela sobre um determinado período de tempo? Você pode precisar usar esse dinheiro para emergências no seu dia a dia? Muitos aplicativos de renome já calculam automaticamente os valores de investimento X o tempo de aplicação necessária para o rendimento e facilitam bastante a tomada de decisão. Aposte nessa facilidade!
3. Explore esse universo e aprenda um pouco a cada dia:
A linguagem complexa desse meio manteve muitos investidores afastados do mercado por anos e as mulheres permaneceram mais atrás ainda por muito tempo. Mas a explosão de pessoas falando sobre finanças e investimentos em plataformas como o YouTube, nos últimos tempos, tem democratizado o acesso às informações e, hoje, felizmente, temos uma mulher à frente do maior canal sobre educação financeira do Brasil. Aproveite todo esse conhecimento à disposição e se desenvolva!
“O processo de evolução será natural: quando você der o primeiro passo e ver que o seu dinheiro não sumiu, vai seguindo e nem se lembrará mais da dificuldade do início. Você não precisa ser especialista, fazer contas complexas, nada disso”, encoraja Elaine.
4. Desapegue do seu “bancão”, como investidora busque facilidade:
Os bancos convencionais não costumam oferecer opções de investimento rentáveis e acessíveis. Eles funcionam, a princípio, para quem quer começar a investir pelo tesouro direto. Quem quer ir para fundos e ações, o ideal é procurar por corretoras independentes, que normalmente não cobram nada pela abertura de contas, ou pelas fintechs. Existem muitas em ascensão no mercado que apresentam ótimos custo-benefício.
5. Saiba, SEMPRE, para onde está indo o seu dinheiro:
Como já falamos aqui, a violência patrimonial marcou a história de muitas mulheres que caíram na armadilha do desconhecimento. Por isso, questione, investigue, tome nota sobre tudo o que se passa com seus investimentos. Não tem problema nenhum contar com o apoio de um assessor ou de alguém que confie na hora de escolher o destino do seu dinheiro, mas se assegure de que o controle sobre isso está completamente nas suas mãos!
6. Mantenha uma reserva para emergências e oportunidades:
Antes de dar passos maiores, assegure que você tenha a curto alcance uma reserva que cubra seus gastos básicos para um período de 6 a 12 meses sem salário. Assim, você não compromete a sua saúde financeira em períodos de crise e tem o que resgatar se aquele sonho tão esperado nos últimos anos bater em sua porta.
7. Diversifique suas apostas e conheça cada um dos riscos:
Isso garante que você não perca todo o seu dinheiro frente a algum problema. No mesmo sentido, é muito importante conhecer os riscos que envolvem cada investimento, não para se paralisar diante disso, mas para medir o quanto se coloca e se espera. O ideal é segmentar tudo em, pelo menos, três reservas: a de emergência, a de aposentadoria, e a de objetivos mais aleatórios.
8. Só faça os movimentos que te deixarem emocionalmente confortável:
Você não precisa tirar todo o seu dinheiro da poupança e sair correndo riscos se isso te deixa desconfortável. A relação com o dinheiro também precisa ser saudável, então experimente explorar diferentes investimentos aos poucos, dentro dos seus limites.