Qual o papel dos homens na pauta de equidade de gênero?
Nossa CEO (escritora do artigo que você lerá mais a frente) fez uma enquete no Linkedin sobre equidade de gênero e o papel do homem, as respostas foram:
Foram 322 votos e2% acreditam que homens não tem lugar de fala no assunto, 6% optaram que eles devem ser aliados sem se envolver, 81% votaram que eles devem ser aliados se posicionando e 11% disseram que os homens possuem um papel principal no assunto.
Eu acredito que o resultado dessa votação demonstra que já estamos criando a consciência que equidade de gênero não é e nem deve ser apenas um assunto das mulheres, mas sim um assunto da sociedade, em que aqueles que possuem privilégios podem e devem se posicionar sobre o assunto.
Lembrando que quando estamos falando da pauta de equidade de gênero, não podemos planificar a questão, já que ela abrange também as interseccionalidades com outras pautas de grupos minorizados como as questões:
- Racial
- LGBTQIAPN+,
- PCDs,
- Geracionais,
- Regionais,
- Sociais etc
Porém, para qualquer conversa sobre esse assunto, é preciso compreender o conceito de lugar de fala que muitas vezes é mal interpretado. Segundo Djamila Ribeiro que é autora do livro sobre esse assunto:
“Lugar de fala não é O QUE se fala, mas DE ONDE se fala.”
Nesse sentido precisamos compreender que todos nós ocupamos um lugar social, no meu caso eu falo do lugar de uma mulher branca, hetero, cis, nascida em uma família de classe média, sem deficiências. Sendo assim, quando eu me posicionar sobre assuntos que fogem da minha vivência, como por exemplo, a questão racial, eu preciso compreender que estou falando de um lugar de privilégio.
Sabemos que hoje pela pesquisa do Instituto Ethos, o perfil de pessoas que ocupam cargos de liderança e tomada de decisões dentro das empresas, é de:
- Homens
- Brancos
- Héteros
- Cis.
Isso significa que eles acumulam uma série de privilégios em relação aos grupos minorizados.
Outro ponto que é muito importante abordar é que os papéis de gênero geram consequências para todos, não à toa, segundo o documentário “Silêncio dos Homens”, os homens correspondem a 83% das mortes por homicídio e por acidentes, representam 95% da população prisional e se suicidam 4x mais que as mulheres.
Por quê isso acontece? O que a equidade de gênero tem a ver?
Isso acontece porque o conceito do que é masculinidade muitas vezes se confunde com um aspecto tóxico da construção social do homem, que define um conjunto de regras que determinam comportamentos que muitas vezes são agressivos e prejudiciais esperados de indivíduos do sexo masculino.
Portanto, para tratar do papel dos homens na equidade de gênero, precisamos falar de uma transformação não apenas de quais os papéis e oportunidades das mulheres na sociedade, mas precisamos também ressignificar o papel dos homens, porque essa masculinidade tóxica traz muitas consequências negativas para ambos os lados.
Listei então 3 ações que podem ser feitas pelos homens para essa transformação:
1. Praticar a escuta ativa ajuda na equidade de gênero:
Escutar a vivência e experiência de pessoas diferentes de você, reconhecer seus preconceitos e privilégios e utilizá-los para transformação.
2. Ressignificar seu lugar no espaço doméstico:
Compreender que o espaço doméstico também é um espaço masculino e que a divisão de tarefas é essencial para alcançarmos equidade no mercado de trabalho.
3. Se posicionar diante de atitudes machistas e preconceituosas
Se posicione sobre comentários e atitudes machistas e misóginas que surgirem entre amigos e colegas de trabalho. Além disso, fique atento para possíveis situações de assédio contra mulheres. Caso identifique uma situação, ofereça apoio.
Existem muitas outras ações que podem e devem ser tomadas pelos homens no caminho da equidade, especialmente aqueles que estão no lugar de líderes e tomadores de decisão, o importante é que todos compreendam que o empoderamento feminino é uma transformação social e que todos nós temos nosso papel.
Vamos juntos?