Em um mundo cada vez mais consciente das questões ambientais, sociais e de governança, os indicadores ESG emergem como forma de orientar empresas e investidores para a construção de negócios mais sustentáveis e responsáveis.

Os princípios ESG começaram a tomar forma nas décadas de 1990 e 2000. Com isso, algumas empresas começaram a divulgar voluntariamente informações ESG em seus relatórios. Paralelamente, alguns reguladores passaram a exigir a divulgação de informações ESG em relatórios financeiros.

Mais recentemente, começou a existir uma integração de considerações ESG em processos de investimento. Fundos, gestores de ativos e consultores financeiros começaram a considerar fatores ESG ao tomar decisões de investimento. Isso, é claro, torna o assunto mais importante e interessante para as empresas. 

Conforme uma pesquisa da Bloomberg, a agenda ESG deve movimentar 53 trilhões de dólares em investimentos até 2025. Práticas ESG são cada vez mais relevantes para o mundo dos negócios. Investidores e consumidores já tendem a priorizar marcas e empresas comprometidas com o ecossistema, as pautas sociais e de governança.

O podcast Diálogos de Equidade dessa semana foi sobre indicadores ESG e contou com a presença do Saulo Almeida, investidor, membro do ecossistema de impacto na Civi-Co e sócio-gerente na Garin Ventures. O bate-papo que inspirou este artigo está disponível no Spotify e no YouTube.  

Afinal, o que são indicadores sociais no contexto de ESG? 

No contexto de ESG, os indicadores sociais são métricas usadas para avaliar o desempenho e o impacto das empresas na sociedade. Esses dados ajudam a analisar como a empresa está gerenciando aspectos sociais importantes em sua operação e realizando suas interações com colaboradores, clientes, comunidades locais e sociedade em geral. 

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Alguns indicadores sociais comuns no contexto de ESG são:

Diversidade e inclusão

Métricas que avaliam a representação de mulheres, pessoas negras, com deficiência, LGBTQIA+ e outros grupos diversos em todos os níveis hierárquicos da organização, especialmente na liderança. 

Além disso, são indicadores do campo social a existência de políticas e programas que promovem a diversidade e a inclusão, políticas contra assédio e discriminação, processos afirmativos, avaliação de processos internos, apoio à comunidade, mentoria e patrocinio.

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Saúde e segurança no trabalho

Indicadores que medem a eficácia das práticas de segurança no local de trabalho e o registro de acidentes ou doenças ocupacionais também podem servir como base para decisões organizacionais.

Bem-estar dos colaboradores

Métricas relacionadas ao bem-estar dos funcionários, incluindo programas de saúde mental, benefícios, satisfação no trabalho e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Relações trabalhistas e direitos humanos

Avaliação das relações entre a empresa e seus funcionários, incluindo sindicalização, greves, negociações coletivas e resolução de conflitos. Além de dados que demonstrem o respeito pelos direitos humanos ao longo da cadeia de suprimentos da empresa.

Ética nos negócios

Avaliação da ética e integridade nos negócios também é imprescindível, incluindo práticas anticorrupção, conformidade regulatória e responsabilidade empresarial.

Cadeia de suprimentos responsável e impacto na comunidade

Métricas que avaliam o impacto positivo ou negativo da empresa nas comunidades locais onde opera, incluindo doações filantrópicas, programas sociais e impacto ambiental nas comunidades, além da gestão de riscos de direitos humanos e ambientais em fornecedores e parceiros de negócios.

Principais desafios ao medir e monitorar o desempenho social

Existem alguns desafios que as empresas enfrentam ao tentar medir e monitorar seu desempenho social, o primeiro deles talvez seja que muitos dos impactos sociais causados pelas empresas podem demorar um tempo para se manifestar, o que torna difícil a avaliação do desempenho social a curto prazo. Outros desafios desse cenário são:

Subjetividade

Muitos indicadores sociais envolvem conceitos subjetivos, como satisfação dos funcionários, cultura organizacional e impacto na comunidade. As informações muitas vezes dependem de pesquisas, relatórios de colaboradores e outros métodos que podem ser influenciados por vieses. Por isso, é necessário ter estratégia para medir esses aspectos da forma mais objetiva possível.

Escopo ampliado de responsabilidade

O escopo de responsabilidade social de uma empresa pode variar muito, em alguns casos pode ser amplo e abranger várias partes interessadas, desde colaboradores e clientes até comunidades locais e fornecedores. Gerenciar e medir todos esses relacionamentos pode ser complexo.

Complexidade da cadeia de suprimentos

Para empresas com cadeias de suprimentos globais, monitorar questões sociais em fornecedores e parceiros pode ser ainda mais desafiador por conta da falta de visibilidade e controle direto.

Variação cultural, geográfica e setorial

O que é considerado socialmente responsável pode variar significativamente entre culturas e regiões, apesar das recomendações globais. Além disso, alguns setores econômicos podem enfrentar desafios únicos na medição de seu desempenho social, já que as questões sociais mais importantes variam de acordo com a indústria.

Resistência à mudança organizacional

Implementar mudanças significativas nas práticas sociais de uma organização pode encontrar resistência interna, especialmente se essas mudanças afetarem as operações ou a cultura organizacional existente. Se há resistência interna, isso deve se refletir também nos indicadores. Por isso, parte importante do trabalho com ESG é também a conscientização. 

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Custos financeiros 

A coleta e a análise de dados ESG podem custar caro e exigir recursos humanos significativos, isso pode ser um obstáculo para empresas menores ou com recursos limitados que não podem contratar pessoal ou uma consultoria especializada.

Falta de padronização

Em resumo, não existe uma única métrica universalmente aceita para medir o desempenho social das organizações. Cada setor da economia desenvolve suas próprias abordagens, o que pode dificultar a comparação entre empresas e setores.

Estamos em um momento de mudanças e reestruturações quando o assunto é responsabilidade corporativa e ESG, isso inclui também a criação de padrões e métricas universais. Nos próximos anos deve ocorrer uma transformação nesse cenário e nós estaremos fazendo parte disso. 

Por que é importante medir e monitorar os indicadores ESG? 

Investidores e stakeholders já reconhecem que o sucesso de uma empresa a longo prazo não está apenas relacionado a aspectos financeiros, mas também à sua capacidade de lidar com questões sociais e manter a responsabilidade corporativa. 

Nesse cenário, os indicadores ESG permitem a avaliação do desempenho de uma organização em áreas críticas como sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e práticas de governança. 

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Bons indicadores ESG garantem uma gestão eficaz dos riscos e isso atrai investidores. Além disso, empresas que buscam melhorar suas pontuações ESG constantemente tendem a desenvolver soluções criativas e sustentáveis.

Outro motivo para medir e monitorar indicadores ESG é utilizar os dados a favor da reputação da marca. Negócios responsáveis tendem a ter uma imagem mais positiva e isso se traduz em um bom relacionamento com os stakeholders e maior lealdade do cliente.

A medição e o monitoramento dos indicadores ESG são uma parte essencial da gestão empresarial moderna e responsável, impulsionando a sustentabilidade dos negócios, reduzindo riscos, melhorando a reputação e criando valor a longo prazo. 

Mas o que ainda é uma questão de alinhamento estratégico, em breve se tornará uma questão regulatória. Em muitos países, a divulgação de informações ESG já é obrigatória. Por isso, medir e monitorar esses indicadores ajuda as empresas a cumprirem com as regulamentações em constante transformação.

Por um lado, esses indicadores representam um compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa, por outro, também se tornaram um ponto focal para avaliar o desempenho e o impacto das organizações nesse século. 

E na sua organização, quais são os principais indicadores para medir o desempenho da empresa no âmbito social? Se você precisa de ajuda com esses dados, o Equidade ON pode ajudar!