Especialmente quando o assunto é diversidade, inclusão, equidade e pertencimento (DIEP), a geração Z traz muitos questionamentos e reflexões para o universo corporativo. Mas como as empresas estão lidando com essas novas expectativas dos colaboradores?
O podcast Diálogos de Equidade dessa semana foi sobre esse assunto! O bate papo foi com Tamara Braga, GenZ, consultora e CEO da DiverCidade Consultoria. Se você ainda não ouviu, o episódio está disponível no Spotify e no YouTube.
Recentemente escrevi em um artigo aqui sobre a importância de conhecer e valorizar as diferentes gerações dentro de uma organização. Mas hoje quero trazer algumas contribuições e provocações sobre as mudanças causadas pela geração Z no mercado de trabalho.
A GenZ é composta por pessoas nascidas entre 1997 e 2009. Entre as características mais populares desta geração estão: criatividade e inovação, conectividade tecnológica e mentalidade empreendedora.
Já os pontos negativos, costumam estar relacionados à dependência excessiva da tecnologia, baixa tolerância à frustração e falta de comprometimento, mas será que é isso mesmo?
Como a geração Z se comporta no trabalho
A grande explosão da internet aconteceu no Brasil nos anos 2000. Os mais velhos dos GenZ estavam ainda na primeira infância. Isso diz muito sobre o comportamento dessa geração.
Por serem nativos digitais, essas pessoas não conhecem um mundo onde não há disponibilidade de informações rápidas e acessíveis em rede. Por um lado, isso faz com que essa seja uma geração muito bem informada sobre tudo que acontece no Brasil e no mundo.
Por outro lado, os traços dessa geração podem trazer algumas dificuldades no mundo corporativo, como a necessidade de feedbacks constantes e de mudanças frequentes para manter a motivação.
Busca constante por novos desafio
A geração Z não tem medo de correr riscos, inclusive em relação à mudança de emprego quando acham necessário. Nesse cenário, a GenZ representa o fim de uma transformação que vêm acontecendo nos últimos anos. Para as pessoas mais jovens, trabalhar em uma mesma empresa por 10, 20, 30 anos, é algo impensável.
Desejo de autonomia e flexibilidade
A geração Z valoriza a independência e a flexibilidade no trabalho. Estruturas de trabalho rígidas acabam desmotivando esse público. Isso pode exigir que organizações e líderes estejam abertos a modelos de trabalho diferentes e encontrem maneiras de equilibrar a autonomia com a orientação e direcionamento do trabalho.
Dependência excessiva da tecnologia
O uso intenso de tecnologia e mídias sociais pode resultar em uma dependência excessiva da tecnologia, o que pode interferir na produtividade e na capacidade de se concentrar em tarefas.
Altas expectativas de carreira
Pessoas da geração Z tendem a ser ambiciosas e desejam progredir rapidamente em suas carreiras. Eles podem ter altas expectativas em relação a promoções e oportunidades de crescimento, com isso, as lideranças têm o desafio de lidar com essas expectativas e equilibrá-las com as realidades do mercado de trabalho.
Consciência social e ambiental
A geração Z está atenta e engajada com questões sociais e ambientais. Eles estão interessados em abordar a desigualdade, a pobreza, as mudanças climáticas e outros desafios globais. Trabalhadores da GenZ procuram atuar em organizações que demonstrem responsabilidade social e ambiental e buscam fazer a diferença por meio de suas carreiras.
Geração Z e saúde mental
Uma em cada quatro pessoas da geração Z alega ter um sofrimento emocional ou psíquico. Quem diz isso é o estudo publicado em 2022 pela McKinsey. Os níveis de bem-estar social e emocional da geração Z são os mais baixos entre todas as gerações.
Esse também é o grupo de pessoas mais envolvido e preocupado com as questões de saúde mental dentro das empresas, o que inclui valorizar um ambiente de trabalho digno e seguro, que possibilite um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
É importante lembrar que a geração Z está trazendo uma maior conscientização e valorização da saúde mental no ambiente de trabalho. Eles estão moldando as expectativas e as demandas em relação às políticas e práticas das organizações sobre o tema, buscando criar ambientes de trabalho mais saudáveis e inclusivos, indo além do setembro amarelo.
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É importante lembrar também que esses desejos e interesses da GenZ não estão presentes apenas nos colaboradores da sua empresa, mas nos clientes e demais stakeholders. Se conectar com a geração Z é se adaptar.
Como conectar com a GenZ?
A palavra-chave para se conectar com a geração Z é autenticidade. Ser você mesmo pode dar alguns pontos logo de cara. As pessoas GenZ costumam ser engajadas em causas sociais, por isso, demonstrar interesse nas mesmas paixões e causas pode ser a melhor forma de gerar conexão.
Ao solicitar alguma coisa, seja breve e direto. Evite rodeios e textos longos e vá direto ao ponto ao se comunicar com eles. E, mais importante, esteja aberto ao diálogo e às diferenças de opinião. A Geração Z é diversa e inclusiva, mesmo que haja discordâncias.
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Geração Z e a diversidade e inclusão
A Geração Z tem se destacado por seu compromisso natural com a diversidade e inclusão. Essas pessoas estão rompendo barreiras e desafiando estereótipos. Com uma consciência social aguçada e uma mentalidade aberta, a GenZ está promovendo mudanças significativas nas organizações, cobrando:
Valorização da diversidade
Para a geração Z, a diversidade é positiva. Eles desejam estar em ambientes onde todas as pessoas sejam respeitadas, valorizadas e incluídas, por isso se esforçam para criá-los também. A GenZ, seja como colaborador ou cliente, valoriza empresas que promovem a igualdade de oportunidades independentemente de raça, etnia, gênero, orientação sexual, religião ou origem social.
Promoção de espaços seguros
A geração Z está atenta à importância de criar espaços seguros e inclusivos, onde todas as pessoas se sintam confortáveis e possam se expressar livremente. Defender a eliminação de preconceitos, estereótipos e discriminações em todos os níveis é natural para essa geração. Por isso, trabalham para criar ambientes onde a diversidade seja celebrada.
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Exigência de responsabilidade corporativa
Sim, eles são rápidos em chamar a atenção para qualquer falta de diversidade ou injustiça percebida. Mas a geração Z também apoia e valoriza empresas que adotam políticas e práticas inclusivas. A geração Z é crítica em relação às práticas corporativas e espera que as empresas demonstrem compromisso com a diversidade e inclusão.
Diversidade e inclusão também é papo de geração. Para qualquer empresa, o melhor cenário é sempre incluir e conectar todas as gerações. Afinal, cada grupo possui diferentes qualidades, interesses e conhecimentos.
Para fazer com que todo mundo sinta-se em casa, de baby boomers a geração Z, é importante olhar para a cultura da organização e pensar em novas formas de tornar o ambiente de trabalho melhor para todas as pessoas. Conte comigo e com a Mulheres no Comando para isso!