Criar um comitê de gênero ou de diversidade dentro da empresa é desenvolver um espaço seguro e poderoso de organização para a transformação do negócio. A diversidade e inclusão tem sido cada vez mais importante na hora de conseguir investimento externo. Por isso, separamos 8 dicas para você criar e manter um comitê de gênero na sua empresa.
Tradicionalmente, os comitês são criados dentro das empresas quando um assunto se torna relevante a ponto de precisar de uma atenção especial e de uma avaliação por diferentes óticas. Os comitês de gênero podem surgir nesse cenário, mas também podem nascer do desejo das pessoas colaboradoras ou da estruturação de uma cultura organizacional mais diversa.
Você não vai encontrar no mercado uma empresa comprometida com a agenda D&I e com a equidade de gênero que não conte com comitês engajados e atuantes.
O papel de um comitê de gênero ou de diversidade é acompanhar as ações de equidade de gênero e de D&I dentro da empresa, provocar debates pertinentes e servir como um espaço seguro para tratar temas sensíveis. Juntos dos grupos de afinidades, os comitês são essenciais também para promover a integração e a inclusão das diferenças.
Especialmente quando o negócio ainda não amadureceu muito nas questões diversidade e inclusão, ouvir as pessoas que fazem parte de cada grupo ajuda a tomar decisões mais acertadas em relação aos próximos passos da empresa, mas isso não é tarefa fácil.
Por isso, hoje separei um tempinho para falar um pouco sobre as estratégias para criar e manter ativos os comitês de gênero dentro da sua organização. Vamos nessa?
1) Crie um censo de diversidade da empresa
Antes de começar qualquer ação voltada à D&I na empresa, é importante ter dados concretos sobre quão diversa é a instituição: quantas mulheres existem na organização? Quantas estão em cargos de liderança ou estratégicos? Quantas pessoas negras, PCDs, transgêneras trabalham na empresa e em quais cargos?
Esses e outros dados fundamentais para a criação de estratégias voltadas à inclusão podem ser obtidos dentro da própria empresa, quando as pessoas já se autodeclararem durante o processo de contratação.
Mas se não for esse o caso, vale a pena investir em uma pesquisa interna com as pessoas colaboradoras, aproveitando para questionar também sobre as maiores dores dentro da empresa em relação à diversidade e equidade.
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Além disso, podem ser coletados dados como: benefícios oferecidos a favor da diversidade (como licença maternidade e paternidade estendida), turnover e número de denúncias para casos de assédio, machismo, racismo, homofobia, transfobia, entre outras.
Quanto mais informações puderem ser coletadas no primeiro momento, mais assertivos poderão ser os objetivos e metas do comitê de gênero ou comitê de diversidade dentro da organização, por isso, minha dica é que se invista tempo e energia nessa primeira fase.
2) Defina a função do comitê
Com todos os dados em mãos é possível olhar para o negócio como um todo e traçar estratégias para alcançar a equidade. As ações desenvolvidas pelos comitês geralmente estão associadas a um desses temas: representatividade, retenção de talentos, recrutamento e seleção ou promoção e desenvolvimento.
Cruzando os dados, fica mais fácil de compreender onde está o problema, por exemplo: a empresa faz um trabalho primoroso no recrutamento e seleção, contratando sem disparidade de gênero e raça, mas essas pessoas não ascendem profissionalmente.
Provavelmente, esse será o caso de olhar para a área de promoções e desenvolvimento de carreiras. Por que os homens brancos ainda são maioria nas posições de alta gestão? Temos como diversificar este cenário? Quais os principais passos a tomar?
3) Convide pessoas de todas as áreas para participar do comitê
Diferente dos comitês de governança, que são criados e mantidos pelos líderes e profissionais especialistas nas temáticas, como Comitês de Auditoria, Inovação e Sucessão, os Comitês de Gênero ou outras temáticas sociais devem ser abertos para qualquer pessoa que faça parte da empresa, afinal, além de um papel consultivo, os Comitês também são espaços de educação dentro das companhias.
O comitê de gênero pode ser uma ótima forma de preparar lideranças em potencial para assumirem uma posição de gestão com o mindset adequado em relação à posição da empresa rumo à equidade. Afinal, uma grande dificuldade dentro das empresas é encontrar lideranças verdadeiramente comprometidas com as questões da diversidade e inclusão dentro e fora do RH.
4) Defina uma periodicidade para os encontros
Qualquer projeto que fique solto dentro de uma organização tende a não ser considerado importante. No entanto, a participação em comitê de gênero ou de outro grupo de afinidade deve ser visto como prioridade, por isso, a participação no comitê deve constar como um objetivo de carreira para a pessoa participante.
Com um calendário bem estruturado, fica mais fácil garantir o comparecimento de todas as pessoas, afinal, não é o objetivo que as pessoas envolvidas com comitês de gênero se sintam ainda mais sobrecarregadas. Os comitês devem servir como ponto de encontro, além de sua função consultiva e educativa dentro da organização.
Busque fazer com que as reuniões do comitê sejam ao mesmo tempo objetivas e muito potentes. Separe alguns minutos antes de iniciar a pauta para um quebra-gelo. Isso fará com que as pessoas se sintam mais confortáveis e acolhidas.
5) Invista no grupo para que as pessoas estejam sempre atualizadas em relação ao tema
Um comitê de gênero também precisa de orçamento, seja para realizar as ações necessárias dentro da empresa ou para a formação das próprias pessoas pertencentes ao grupo, visando a equidade de gênero. O comitê de gênero é um comitê técnico, o que quer dizer que precisa estar sempre de braços dados com a ciência, atualizando a empresa sobre assuntos que estão em alta na comunidade.
Atualmente, os dados também têm sido grandes aliados na hora de apresentar tanto a necessidade de metas de diversidade, quanto os resultados de ter a diversidade como uma estratégia organizacional. Por isso, ter um comitê que saiba coletar, compilar e analisar dados pode potencializar as discussões de equidade e inclusão na empresa.
6) Desenvolva embaixadores da temática dentro da empresa
O processo de disseminar uma cultura de diversidade nem sempre é fácil, mas uma das melhores formas de construir essa cultura é capacitar e ter um grupo de embaixadores na organização.
Investir em palestras, materiais e metas de diversidade é crucial, mas também é importante que a empresa conte com um grupo de pessoas qualificadas para falar sobre o tema dentro e fora da companhia.
Além disso, é muito mais fácil contar com embaixadores para tirar dúvidas sobre os processos do comitê, convidar outras pessoas para fazer parte, apresentar o projeto para novas pessoas colaboradoras. As pessoas embaixadoras podem ser aquelas que estão participando regularmente do comitê.
7) Engaje as lideranças para que sejam incentivadoras do comitê
A hierarquia ainda está muito presente dentro das organizações brasileiras. Por isso, a palavra de heads, gerentes, CEOs, CFOs e afins, tem muito peso no desenvolvimento de uma ideia dentro das empresas. Por isso, ao mesmo tempo que são potentes, essas lideranças são bombardeadas de solicitações, investigue a melhor maneira de apresentar a pauta para cada uma delas, para conquistá-las como aliadas.
Muitas vezes, é papel do comitê dialogar com a equipe de RH e com as lideranças, para desenvolver critérios de avaliação, tanto no desenvolvimento individual, como no recrutamento e seleção, que não permitam grande influência de vieses inconscientes discriminatórios.
8) Apresente os resultados do comitê
Para dentro e para fora, é importante coletar, organizar e apresentar os dados referentes às ações de D&I na empresa. Esses números são importantes para investidores, gestores, colaboradores e para o employer branding como um todo.
Criar metas para a organização também pode ajudar a desenvolver dados e números que mostrem a importância das ações de equidade de gênero e de diversidade na empresa.
É importante lembrar que trabalhar a diversidade e inclusão dentro da empresa é fazer uma reparação histórica, como qualquer ação afirmativa, mas também é olhar para o futuro e as novas exigências do mercado.
Se a sua empresa está começando a se movimentar rumo à inclusão ou já deu muitos passos, mas agora precisa de ajuda, pode contar comigo e com o Mulheres no Comando. Vamos colocar a igualdade de gênero nas metas do seu negócio!