A carreira das mulheres passa por muitos desafios que reconhecemos e buscamos mudar ativamente, como a dificuldade de entrada, ascensão e reconhecimento. Mas existem ainda as barreiras silenciosas e mais profundas que contribuem para obstáculos extras.
No podcast Diálogos de Equidade dessa semana, o bate papo foi com a Karinna Forlenza, autora, mentora de carreira e TEDx speaker. O tema foi “barreiras silenciosas: revelando os três obstáculos ocultos na carreira das mulheres”. Você pode ouvir o episódio completo no Spotify ou no Youtube.
Hoje, quando pensamos em carreira de mulheres, já temos em mente que Companhias com presença de 30% de mulheres em cargos de alta hierarquia têm um crescimento médio de 15% em sua rentabilidade, conforme comprova pesquisa realizada pela Peterson Institute for International Economics.
Outra pesquisa, da McKinsey, sugere que eliminar a disparidade de gênero no mercado de trabalho pode adicionar 12 trilhões de dólares ao PIB global até 2025. Apesar disso, as empresas ainda estão dando os primeiros passos no caminho da Diversidade, Inclusão, Equidade e Pertencimento.
Algumas mudanças saltam aos olhos aqui e ali, mas a posição das mulheres no mercado de trabalho avança lentamente. Conforme o Global Gender Gap, deve demorar mais 120 anos para que alcancemos a equidade de gênero no mercado de trabalho.
Teto de vidro, chão de vidro
Essas metáforas são usadas para falar sobre a experiência das mulheres no mercado corporativo atualmente. O “chão de vidro” se refere à segregação ocupacional, onde as mulheres são mais propensas a permanecer em certos papéis, especialmente em níveis inferiores.
Já o “teto de vidro” é sobre a barreira invisível que impede as mulheres de alcançarem posições de liderança e de alto escalão. É assim que o avanço das carreiras femininas avançam a passos curtos, superando cada obstáculo.
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Por que a carreira das mulheres ainda enfrenta barreiras?
Barreiras silenciosas são obstáculos ocultos na carreira das mulheres, que apesar de não serem reconhecidas tão facilmente, causam um impacto significativo no progresso das mulheres no local de trabalho.
Os vieses de gênero são o principal motivo para a perpetuação da desigualdade entre os gêneros, inclusive dentro das empresas. Esses estereótipos podem resultar em subestimação das habilidades e capacidades das mulheres.
A divisão tradicional de papéis também influencia em muitos níveis a carreira das mulheres, afinal, essas ideias podem levar a uma divisão desigual de tarefas domésticas e responsabilidades de cuidados. Além disso, muitas profissões ainda são majoritariamente masculinas, geralmente, as mais valorizadas do mercado.
Mulheres ainda sofrem discriminação por conta da maternidade, seja na hora da contratação ou na progressão de carreira. Além disso, com ou sem a maternidade, as mulheres sofrem uma sobrecarga de trabalho não remunerado, assumindo a maior parte das responsabilidades domésticas e de cuidados, o que afeta seu tempo e energia disponíveis para se concentrar na carreira.
Outras vezes, as culturas organizacionais podem ser hostis, desencorajando as mulheres de avançarem em suas carreiras ou até mesmo sendo coniventes com assédios morais e sexuais. Empresas que não se comprometem permitem que as mulheres se sintam desconfortáveis e inseguras.
Assim, faltam representações em posições de liderança, faltam políticas de conciliação entre parentalidades e trabalho, faltam incentivos e reconhecimentos. Mas em meio a tanta falta, estamos avançando. Sentando à mesa ou, outras vezes, construindo uma mesa nova.
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Por que o “jogo” corporativo é mais difícil para mulheres?
O “jogo” corporativo é a dinâmica social e política que acontece dentro de uma organização ou sistema, onde as pessoas buscam avançar em suas carreiras, influenciar decisões e alcançar seus objetivos pessoais, muitas vezes através de estratégias que podem não ser completamente transparentes ou diretas.
A competição e a negociação que acontecem nos bastidores das organizações, às vezes, são mais importantes que as tarefas e responsabilidades formais.
No “jogo” corporativo, os profissionais podem usar uma variedade de táticas, entendendo as dinâmicas de poder, identificando influenciadores-chave e adaptando o comportamento para se encaixar nas expectativas organizacionais e culturais. Algumas características do “jogo” corporativo incluem:
- Estabelecer conexões com colegas, superiores e outras partes interessadas para construir relacionamentos que possam beneficiar a carreira, o famoso networking;
- Compreender as estruturas de poder, alianças e rivalidades dentro da organização e agir de acordo para alcançar metas pessoais;
- Garantir que suas realizações sejam notadas e reconhecidas, muitas vezes por meio de projetos de alto perfil ou apresentações bem-sucedidas;
- Saber lidar com situações delicadas, conflitos de interesse e desafios interpessoais de maneira a manter relacionamentos produtivos;
- Saber comunicar suas ideias, conquistas e objetivos de maneira persuasiva e convincente;
- Cuidar da percepção que os outros têm de você, garantindo que ela esteja alinhada com suas metas e valores profissionais;
- Habilidade de negociar benefícios, salários e oportunidades, de modo a alcançar os melhores resultados para si mesmo.
Essa pode ser vista como uma parte natural e inevitável da vida profissional, mas também é controversa, especialmente quando as ações individuais prejudicam a colaboração e a cultura positiva dentro da organização.
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Para as mulheres, o “jogo” corporativo pode ser um desafio maior porque a autopromoção e a “postura de liderança” desejáveis nesses espaços desafiam as expectativas sociais criadas para as mulheres, que envolvem modéstia e altruísmo.
Além disso, para aquelas que decidem não corresponder às expectativas, surge logo o desconforto e a falta de confiança que damos o nome de síndrome da impostora.
Esse é um fenômeno psicológico em que as pessoas duvidam de suas conquistas e atribuem seu sucesso a fatores externos, como sorte ou enganação, em vez de reconhecerem suas próprias habilidades e esforços. Nesse contexto, muitas mulheres vivenciam um sentimento de não serem merecedoras de suas realizações, mesmo quando têm evidências claras de sucesso.
Considerando tudo isso, uma boa postura corporativa deve, cada vez mais, caminhar para um equilíbrio entre a busca de objetivos pessoais e a contribuição para os objetivos organizacionais, pois assim se constrói um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
Quando falamos que a equidade de gênero transforma empresas, isso também inclui transformar as regras do “jogo” corporativo. As mulheres podem desenvolver algumas habilidades comportamentais, mas acima disso, defendemos uma mudança estrutural nas organizações, que promete ser boa para todas as pessoas.
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