Quando falamos sobre o avanço da luta feminista na sociedade, existe uma discussão que não pode ser deixada de fora da pauta: trata-se da rivalidade feminina.
Ao longo dos anos, durante as construções sociais, a mulher foi obrigada a confiar em homens e contar apenas com eles, corroborando para a formação de uma estrutura patriarcal, falocêntrica e misógina, na qual os homens estão sempre em situação de poder.
Devido a isso, criou-se um ambiente receptivo para o surgimento da competitividade feminina, que passou a ser valorizada e incentivada pela cultura machista. Hoje, é muito comum a crença de que mulheres são inimigas e não são confiáveis.
Cultura das inimigas
A construção histórica e o preconceito que se formou em torno da rivalidade entre mulheres é alimentada pela cultura, e está sempre representada em filmes, novelas, séries e músicas.
Basta parar para pensar em quantas vezes as mulheres foram simbolizadas como pessoas rivais, falsas, interesseiras e fofoqueiras em alguma produção. Lembrou de alguma? São vários exemplos possíveis.
Esse estereótipo é comum e tenta endossar a classe feminina como inimigas entre si para alimentar o mito da dominação masculina.
Sentimentos como raiva, inveja, e insegurança são compartilhados tanto por homens, quanto por mulheres, porém, as mulheres, desde cedo, são ensinadas a competirem entre si e a sentirem inveja das outras ao seu redor.
Como a rivalidade feminina ganhou força?
Existe uma crença que tem a ver com uma suposta “natureza da mulher”: muitas pessoas acreditam que elas não são confiáveis e dignas de criar laços verdadeiros porque nasceram assim e, por isso, as mulheres são naturalmente rivais.
Todas essas mentiras foram criadas para sustentar o machismo estrutural, pois já está mais do que provado que não existe um fator biológico que torna as mulheres menos confiáveis.
Se questionar sobre essas questões toda vez que você se deparar com elas durante o dia a dia é fundamental para exercitar um pensamento crítico. Quantas vezes você estimulou um sentimento de rivalidade, por exemplo, entre mulheres à sua volta?
Consequências da cultura da rivalidade feminina
A partir do momento em que os laços entre mulheres se enfraquecem, é natural que os laços políticos delas também percam a força. Assim, toda a decisão de organizar nações, Estados e até organismos menores, fica centralizada nos homens.
Sem representatividade, fica difícil para as mulheres terem suas percepções levadas em conta e suas opiniões fortalecidas.
Segundo um estudo realizado pela União Interparlamentar, considerando 192 países, o Brasil está em 142º no ranking de participação feminina na política nacional.
Essa falta de pluralidade é uma consequência negativa da repressão da participação das mulheres em âmbitos políticos e tornam os espaços de decisões políticas um ambiente hostil à elas.
Sororidade é o caminho
Você sabe o que significa sororidade? Em breves palavras, é um comportamento de não julgar outras mulheres e ouvir com respeito às suas reivindicações.
A questão aqui não é gostar de todas as mulheres, mas sim ter empatia e se colocar no lugar de cada uma dentro de seus respectivos contextos.
Na prática, para aplicar a sororidade, é preciso levar em conta a injusta realidade de que todas as mulheres passam por opressão de gênero. E é justamente por isso que as mulheres devem se unir e fortalecer suas relações, juntas, são capazes de eliminar a rivalidade feminina e combater o patriarcado.
As mulheres não estão competindo umas com as outras, pelo contrário! Ao se unirem, trazem mais força ao feminismo e possibilitam transformações nas estruturas sociais. Nunca é tarde para fazer uma autocrítica e parar para pensar em quantas vezes você pode ter sido competitiva com uma colega, familiar, amiga.
Confira algumas atitudes que você como mulher pode exercer no seu dia a dia para valorizar outras mulheres e reforçar a sororidade:
- Elogie mulheres que você admira e que estão ao seu redor para elas se sentirem potentes e capazes;
- Procure participar de iniciativas relacionadas à luta feminista dos espaços em que você ocupa;
- Tente não criticar e julgar abertamente as mulheres que estão próximas à você;
- Veja as mulheres como colegas, não competidoras.
Rivalidade feminina no mercado de trabalho
Dentro do ambiente corporativo, a rivalidade não poderia ser diferente. Infelizmente, ainda é comum ter preconceito com mulheres e julgá-las menos capazes para executar funções ou ter cargos de chefia.
É mais do que necessário que existam mais mulheres ocupando protagonismo em empresas e corporações para ter sua voz ouvida e para que possam desenvolver seus sonhos e objetivos.
Pensando nesse cenário, o Mulheres no Comando é uma plataforma digital de desenvolvimento de carreira, mentorias, construção de networking e conscientização feita por mulheres para ajudar outras mulheres.
Quais outras iniciativas você conhece que valorizam as mulheres no mercado de trabalho?